
Autor: Fábio Anhaia

No meio da noite quatro guerreiros caminham pela floresta em busca de Iboni, os quatro andam pela mata passo a passo para não chamar a atenção, até que de repente encontraram Iboni, ele parecia diferente, de alguma forma os quatro sentiam que aquele não era Iboni.
– Iboni, trago notícias da aldeia, o Corvo Azul, ele cancelou o ataque ao reino da Rainha Negra, disse que vai sozinho ao Castelo. – Informou um dos guerreiros.
Iboni parecia frio, sem emoção alguma, não respondeu, ficou pensativo.
– O que aconteceu com você Iboni? Por que não responde? O que vamos fazer agora? – Perguntou outro guerreiro.
– Onde ele está? – Perguntou Iboni com um tom de voz firme.
– Ele vai partir amanhã com o nascer do sol. – Afirmou um dos guerreiros.
Iboni não disse nada, apenas saiu andando floresta adentro até que desapareceu entre as árvores e a escuridão.
8 horas antes…
Iboni entra na mata e começa a caminhar, no meio de seu trajeto ouve alguém o chamar:
– Iboni! Onde está indo?
– Preciso resolver isso! – Respondeu Iboni.
– Você não pode resolver tudo sozinho, você ouviu o Corvo Azul, vamos conseguir nossa vingança, mas precisamos confiar nele!
– Você não sabe de nada! – Respondeu Iboni entrando na mata.

Iboni caminha pela mata até encontrar uma clareira, na clareira há um tipo de tenda indígena, Iboni entra. Dentro da tenda ele encontra diversos artefatos indígenas, a tenda é escura e Iboni sente um arrepio na espinha.
– Olá?! Tem alguém aí?? Me chamo Iboni e estou à procura de Tchaki! – Chamou Iboni.

Ele não recebe nenhuma resposta, a tenda parece abandonada. Quando Iboni desiste e resolve ir embora, algo se levanta em meio ao escuro, uma sombra enorme se forma diante de seus olhos, Iboni ficou apavorado, e então ele ouve uma voz:
– O que você procura Iboni, filho de City! – Disse a sombra.
– Não sou filho de City! Sou filho de Hatyk! – Respondeu Iboni.
– Sua vida esconde segredos que você não é nem capaz de imaginar Iboni. – Disse a sombra.
Nessa hora, a sombra começa a diminuir, até que do meio da escuridão surge uma mulher, uma bela jovem, uma feiticeira.
– Eu sou Tchaki, por que você veio até mim? – Disse a feiticeira.
– Preciso da sua ajuda! – Respondeu Iboni.
Tchaki observa Iboni e com um sorriso debochado diz:
– O que você busca tem um preço, e eu posso te afirmar que não é barato.
– Não acredito que seja tão terrível, e além do mais, você não sabia nem quem era meu pai! – Afirmou Iboni.
– Você vai descobrir toda a verdade, assim que fecharmos o acordo Iboni, mas você deveria me ouvir, depois não diga que não avisei. – Disse Tchaki.
– Pois o que eu preciso fazer então? – Perguntou Iboni.

A feiticeira então prepara um ritual com velas e símbolos que Iboni nunca havia visto, de repente ela solicita a Iboni que o mesmo deite-se sobre uma pedra completamente nu e então a feiticeira questiona:
– Agora me responda Iboni, qual é o seu desejo?
Iboni totalmente decidido do que veio a fazer responde:
– Eu desejo ser o maior e melhor guerreiro que já existiu, um guerreiro capaz de destruir a Rainha Negra e todo o seu exército!
A feiticeira começa a caminhar por volta de Iboni o observando e responde:
– Para que isso seja possível, preciso que me de algo em troca!
– E o que você quer? – Questiona Iboni.
– Sua alma! – Responde Tchaki.
– Pois bem, que assim seja, continue feiticeira. – Concordou Iboni.
A feiticeira então sobe sobre ele começa a proferir palavras em um idioma que ele nunca havia visto, faz um pequeno corte em um de seus dedos e começa a derramar gotas de sangue em sua boca, de repente a feiticeira o beija e lentamente Iboni começa a sentir um certo tipo de dor, como se alguém estivesse invadindo seu corpo e arrancando todos os seus órgãos internos. Iboni vê tudo ao seu redor desaparecer, é como se sua alma estivesse deixando seu corpo, Iboni então se vê em uma caverna escura e começa a andar, enquanto caminha pela caverna percebe uma luz, era como se fosse a luz de uma fogueira e enquanto Iboni se aproxima, a luz foi ficando cada vez maior e o indígena se sente cada vez mais aflito.
– Olá, tem alguém aí?? – Chamou Iboni.

E então um monstro de fogo surge daquela fogueira, Iboni fica completamente apavorado, estava com tanto medo que acaba caindo para trás, o monstro é enorme, cheio de músculos, com asas gigantes, além de chifres e garras que poderiam perfurar o corpo de qualquer criatura com muita facilidade, o monstro olha para Iboni caído e diz:
– Porque viestes até mim?
Iboni com uma voz tremula responde:
– Desejo me tornar um guerreiro invencível, a feiticeira disse que poderia me ajudar.
O monstro terrível observa Iboni com desprezo e responde:
– Você sabe o custo disso?
– Sim! – Afirma Iboni.
– E mesmo assim você quer? – Questiona o monstro.
Iboni, tomado pela coragem, levanta-se, olha para o monstro e diz:
– SIM! É O QUE EU MAIS DESEJO!
O monstro aproxima-se com sua enorme cabeça e então sopra, Iboni sentiu todo o seu corpo queimar, uma dor terrível, ele jamais havia sentido algo assim antes, Iboni começa a perder o sentido aos poucos e enfim cai. Após o ocorrido Iboni acorda no meio da mata com um semblante estranho, como se não tivesse alma e começa a andar.
Enquanto seguia sua jornada Iboni encontra quatro guerreiros da tribo que lhe contam tudo sobre a decisão tomada pelo Corvo Azul de ir até a Rainha Negra sozinho, Iboni sem nenhuma reação apenas entra floresta adentro e começa a andar até que desaparece entre as árvores e a escuridão.
Os quatro guerreiros sem entender nada da reação de Iboni começam uma caminhada de volta a aldeia, de repente começam a sentir como se estivessem sendo observados por algo ou alguém, um arrepio começa a surgir na pele dos jovens guerreiros até que ouvem um barulho, era como se fosse um galho quebrando. Eles procuram entre as árvores e não veem nada então decidem continuar a jornada.

Mais alguns passos e eles ouvem o barulho novamente, porém dessa vez foi mais alto, parece que algo está mais perto do que da primeira vez, um dos guerreiros então olha para trás e a única coisa que consegue ver é um enorme galho de árvore vindo em sua direção, o galho simplesmente atravessou seu corpo como uma agulha atravessa o tecido, os outros três guerreiros começam a correr desesperadamente mata a dentro, um deles olha para trás e vê uma sombra os perseguindo e então tropeça em um tronco velho, outro guerreiro para e tenta ajuda-lo porém era tarde e a fera que os perseguia já tinha pego seu amigo. A fera pega o guerreiro e começa a despedaçá-lo como se ele fosse feito de papel, os dois guerreiros então voltam a correr até que chegam a um riacho, a fera então os alcança, eles ficam chocados com o que veem em sua frente.
Toda coberta de sangue a fera os observava, ela tem quase três metros de altura, pelos listrados e presas enormes, além de enormes garras que poderiam perfurar qualquer coisa com muita facilidade, era um tigre gigante. A fera pega um dos guerreiros pelo pescoço e aproxima-o de seu rosto e então o abocanha arrancando parte do rosto do guerreiro, em seguida ela começa a decepá-lo como se ele não fosse nada, parte por parte.
O quarto e último guerreiro observando tudo aquilo começa a andar de costas em direção ao riacho completamente apavorado com a cena, despercebido e com muito medo ele cai na água e desaparece.
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