
Autor: Fábio Anhaia

Em uma manhã de verão Kinobi anda de um lado para o outro em frente a sua tenda, o nervosismo dele era visível, não suportava mais a ansiedade de aguardar a chegada do pequeno Tamaki. Dentro da tenda Ybambi dava toda a sua força e dedicação para a chegada do pequeno.
– Nasceu! E é um menino! – Avisou a parteira da tribo.
Kinobi entra na tenda e pega o pequeno Tamaki pela primeira vez em seus braços, cheio de emoção ele beija o rosto de Ybambi e a agradece:
– Obrigado! Obrigado pelo melhor presente da vida, eu te amo infinitamente!
Ybambi ainda fraca do parto, olha para o amado e retribui o carinho com um beijo. A noite chega e Kinobi resolve fazer uma celebração para comemorar a chegada de Tamaki, porém nem tudo aconteceu como o previsto, após a Grande Tragédia os Anos de Escuridão chegaram!
Alguns anos depois Kinobi se casou novamente com Vanity porém um segredo lhe foi revelado pela amada:
– Kinobi, preciso te contar uma coisa!
– Claro, pode me contar o que quiser, somos casados agora. – Respondeu Kinobi.
– Me desculpe, mas não posso ter filhos, eu sou infértil! – Revelou Vanity com tristeza no olhar.
Kinobi não conseguiu disfarçar a surpresa, mas não julgou e nem se magoou com Vanity.
– Está tudo bem, eu amo você assim mesmo, vamos passar por isso juntos, não sei se quero outro filho, não sei se conseguiria. – Disse Kinobi.
Kinobi ainda não esqueceu os acontecimentos provocados pela Rainha Negra e por isso tem receio em ter outro filho. Vanity por outro lado sempre teve uma enorme vontade de ser mãe.

Em uma tarde de inverno, os dois entram na mata para buscar lenha, logo após pegarem dois jarros de água do rio, enquanto Kinobi corta um enorme tronco, Vanity vai juntando pequenos galhos que encontra, de repente algo chama a atenção de Vanity, um barulho de passos e sussurros.
Vanity caminha um pouco e percebe uma mulher em meio a neve com um embrulho nos braços, dentro do embrulho ela carrega um bebê, a mulher larga a criança sobre uma pedra gelada e tira toda a roupa dela, o bebê começa a chorar, nessa hora Kinobi ouve o choro e vai de encontro a Vanity.
Kinobi aproxima-se da amada e presencia a cena, desesperada Vanity olha para Kinobi:
– Ela vai sacrificá-la, precisamos impedir!
Kinobi puxa Vanity pelos braços e começa a caminhar para longe:
– Não podemos fazer nada, não é nossa criança!
Vanity solta-se de Kinobi e começa a chorar:
– É um bebê, ele é indefeso e não tem se quer poder de escolha, precisamos ajudar Kinobi, e se fosse Tamaki, você o deixaria para morrer?
Kinobi olha para Vanity e olha em direção ao local de onde vem o choro da criança:
– Vanity… não podemos… eu não posso…
Vanity pega na mão de Kinobi e diz:
– Quando nos casamos você disse que faríamos isso juntos, essa é nossa chance, precisamos impedir essa mulher.
Kinobi olha para Vanity e a coragem surge em seu olhar:
– Você tem razão! Vamos salvar essa criança!
Os dois voltam ao local e surpreendem a mulher que estava prestes a apunhalar o coração do bebê.
– Pare! – Gritou Kinobi.
A mulher surpresa olha para os dois e pergunta:
– Quem são vocês? O que estão fazendo aqui!
Vanity responde:
– Você não pode matá-la!
A mulher olha para Vanity e revida:
– Ohh! Você é infértil! E agora quer roupar o meu bebê…
Kinobi olha para a mulher e diz:
– Como você sabe?
A mulher então responde:
– Eu sou uma feiticeira! Eu sei de tudo, ou quase tudo! Essa menina não substituirá Tamaki!
Kinobi responde:
– Você não sabe de nada feiticeira, nunca mais repita o nome de Tamaki!
Kinobi parte para cima da feiticeira e enquanto isso Vanity aproveita o momento para pegar a criança, e corre mata adentro. Kinobi e a feiticeira entram em uma batalha, a feiticeira profere algumas palavras e ataca Kinobi com um tipo de raio, Kinobi ergue seu machado e reza para o grande espírito, quando o raio chega próximo de atingir Kinobi o machado forma um tipo de escudo.
– Impossível! – Disse a feiticeira.
– Nada é impossível quando se tem fé! – Respondeu Kinobi.
Kinobi parte para cima da feiticeira novamente, enquando ela disparava feitiços contra ele, Kinobi se defendia com seu machado, Kinobi começa a girar o machado em suas mãos e um tipo de luz começa a crescer e crescer fazendo com que a feiticeira não pudesse enxergar, Kinobi dispara aquela luz em direção a feiticeira que assustada some.
Kinobi vai em direção a aldeia e encontra Vanity no caminho, Vanity o abraça com a criança no colo:
– É uma menina, uma linda menininha!
Kinobi olha para Vanity com amor em seus olhos e diz:
– É a nossa menininha!
8 anos depois…

É uma tarde de primavera e Vanity e Ynibi estão no riacho, Ynibi esta com oito anos e como qualquer criança nessa idade adora explorar e questionar, ela passava o dia todo questionando a mãe sobre tudo, Vanity as vezes cansa de suas perguntas, mas nunca deixa de respondê-las, Vanity é grata ao grande espirito por ter salvo Ynibi, ela a ama como se fosse sua filha de sangue.
– O que está fazendo Ynibi? – Perguntou Vanity ao perceber que a filha havia parado de tagarelar.
Sem uma resposta Vanity se preocupa e se aproxima da menina.
– Ynibi? Como você… como é possível? – Disse Vanity.
Ao se aproximar Vanity percebeu que todos os peixes do rio estavam parados a beira do riacho como se estivessem observando Ynibi.
– Ynibi, o que é isso? – Perguntou Vanity.
– Eu não sei mamãe, eu os chamo e eles vem até mim. – Respondeu Ynibi.
– Não é só com os peixes, eu falo com todos os animais. – Revelou Ynibi.
– Vem é melhor a gente ir meu amor. Disse Vanity puxando a menina para perto.

Chegando a aldeia Vanity conta tudo para Kinobi que fica surpreso ao descobrir do dom da filha, Kinobi resolve ver com seus próprios olhos, ele chama Ynibi e a convida para um passeio na floresta.

Na floresta Kinobi pede para que Ynibi mostre a ele como ela pode falar com os animais:
– Ynibi, sua mãe me disse que viu você conversar com peixes hoje, e disse que você revelou a ela que não é só com peixes? Pode mostrar ao papai? – Disse Kinobi.
– Claro papai, o senhor só não pode se assustar, ele é meu amigo ta bom? – Disse Ynibi.
Kinobi fica confuso, mas concorda com a menina. Ynibi fecha os olhos e se concentra, de repente Kinobi começa a sentir uma vibração estranha no chão e essa vibração foi aumentando até que surge do meio da mata um urso, Kinobi cai para trás assustado e abraça Ynibi para protege-la, Ynibi olha para o pai e diz:
– Calma papai ele é meu amigo, não vai te fazer mal algum. – Afirma Ynibi se aproximando do urso.
Kinobi olha para Ynibi e com ternura a abraça:
– Ynibi, você não deve mostrar isso a ninguém, nunca meu amor, está ouvindo o papai, apenas eu e a mamãe vamos ficar sabendo disso, seus poderes são extraordinários, porém algumas pessoas de mentes pequenas não irão aceitar, isso pode causar medo nelas, me prometa que nunca contara a ninguém!
– Tudo bem papai, eu prometo! – Respondeu Ynibi.

Alguns anos se passaram e Ynibi cresceu se tornando uma bela mulher, ela nunca havia entendido de fato porque não podia mostrar seus poderes, ela havia prometido a mãe que nunca mais usaria eles, mas ela sempre dava um jeitinho de fugir para mata e os usava, com o tempo ela descobriu que podia fazer bem mais do que apenas conversar com os animais, seus poderes eram muito maiores.

A mãe de Ynibi morreu quando ela tinha 15 anos, Ynibi sentiu muito a sua falta, porém sabia que devia ser forte por ela e por Kinobi, mais alguns anos se passaram e Ynibi finalmente chegou a idade de encontrar um marido, todos na aldeia queriam ser o felizardo, porém Ynibi não gostava de ninguém, mas seu pai havia feito uma proposta aos guerreiros da tribo, aquele que provasse ser o mais forte entre eles ficaria com a mão de Ynibi, a partir daí todos eles começaram a competir.
Há um guerreiro que é completamente apaixonado pela menina, seu nome é Iboni, ele cresceu com a menina na aldeia e eles têm uma amizade, porém para Iboni o sentimento é maior que amizade, mas Ynibi não sente o mesmo. Certa vez Ynibi estava na beira de um riacho quando ouviu um barulho no mato, escondeu-se rapidamente pensando que podia ser um soldado da rainha. Para surpresa de Ynibi não eram os soldados da rainha, mas sim um indígena, um guerreiro perdido da tribo dos Iroquois, e assim Ynibi conheceu Panimbi aquele que será o amor da sua vida.
Continua…
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