O Preço de um Segredo: Capítulo 1

Capítulo 1 – O Bebê


Fevereiro de 1996.

É uma noite de verão e a brisa do mar percorre a cidade do Rio de Janeiro, o vento quente avisa que uma tempestade está chegando. A enfermeira Elisa já está no fim do seu plantão quando recebe um chamado urgente da maternidade do hospital.

“ — Enfermeira Elisa, necessitamos de sua presença na maternidade imediatamente! ” — Ecoa a voz pelos corredores do hospital.

Elisa veste novamente seu uniforme e corre em direção da maternidade. No corredor encontra duas mulheres que estão entrando em trabalho de parto, uma das mulheres aparenta ser de boa família, acompanhada do marido, os dois formam um lindo casal. A outra mulher claramente não vem de uma família estável, uma moça suja, muito magra, sequer acompanhada do marido está, “só pode ser uma moradora de rua”, constatou Elisa.

Elisa e Jade sua colega enfermeira preparam as mulheres para o parto, Elisa leva Mariana a mulher que veio acompanhada do marido e Jade prepara Leticia a moradora de rua. As mulheres entram em trabalho de parto simultaneamente, Leticia dá a luz a um menino forte e cheio de saúde, Mariana não tem a mesma sorte, o bebê nasce sem vida devido a complicações no parto, Mariana desmaia e nem percebe que o filho nasceu morto, do outro lado da sala Leticia muito debilitada também não resiste, mas antes de morrer ela pega na mão de Jade e implora para que a enfermeira cuide de seu filho.

Jade é uma enfermeira de meia idade, ela não poderia cuidar de um bebê, morava sozinha e não tinha condições e muito menos tempo para isso. No calor da emoção Jade e Elisa tomam uma decisão que afetará a vida de todos, as enfermeiras trocam os bebês, o que Elisa não imagina é que essa troca motivada pelo bem de uma criança e o pedido de uma mãe, irá transformar sua vida para sempre.

Elisa volta para o vestiário do hospital, a enfermeira se senta em um banco e começa a repensar sua atitude e o quanto isso afetará a vida do casal. Ela pensa em retornar a sala de espera e avisar o marido de Mariana, mas lhe falta coragem, “ e se eles abandonarem o bebê? ” Esses pensamentos atormentam a enfermeira até sua casa.

Em casa Elisa se prepara para um banho quando ouve um trovão, a tempestade já está chegando, após o banho ela prepara-se para jantar quando ouve a campainha de sua casa, mas quem será uma hora dessas, já é passado de uma da manhã. a enfermeira vai até o portão de sua casa e encontra uma cesta, dentro dela mais uma surpresa, um bebê.

— O que é isso? Mas… como você… — Gaguejou Elisa enquanto pega a criança no colo.

A enfermeira olha para todos os lados e não vê ninguém, mas quem poderia abandonar um bebê e porque na casa dela, com tantas famílias no quarteirão deixaram o bebê justo na porta dela. Ouviu-se um novo trovão, a enfermeira pega o bebê e leva-o para dentro de casa.

Na sala Elisa acalma o bebê, ele não para de chorar pois provavelmente está com fome, Elisa tem um sobrinho de um ano e sua irmã costuma visitá-la com frequência, portanto ela tem em sua casa tudo o que é necessário para cuidar de um bebê.

— Calma querido, fique calmo, a titia vai cuidar de você, não se preocupe. — Disse Elisa balançando o bebê.

Após dar mamadeira a criança e coloca-la para dormir, Elisa retorna a sala de casa e começa a pensar em como esse bebê veio parar na porta de sua casa. A enfermeira decide ligar para sua irmã.

— Um bebê? Como assim Elisa? — Questionou a irmã da enfermeira.

— Eu não sei, tocaram a campainha e quando eu fui atender lá estava ele, um bebê em uma cesta de feira.

— Meu Deus, e você pensa em fazer o que? — Questionou a irmã.

— Vou levá-lo a delegacia amanhã cedo, a polícia vai decidir o que deve ser feito. — Declarou Elisa.

— Elisa, você sabe o que será feito dessa criança, a polícia vai entregá-lo ao conselho tutelar e de lá ele vai para um orfanato! Por que você não fica com ele? — Questionou a irmã de Elisa.

— O que? Ficar com ele, você está maluca! Eu não tenho mais idade para isso, eu já tenho 40 anos minha irmã, minha época de ser mãe já passou! — Declarou Elisa olhando para o bebê dormindo.

— Elisa, ser mãe está além da idade, você sempre teve esse sonho, pense bem no destino que essa criança terá se for para um orfanato. — Insistiu a irmã.

— Eu sinto muito, mas não posso ficar com ele minha irmã, agora preciso desligar, boa noite! — Disse Elisa desligando o telefone.

Elisa senta-se em uma cadeira e então observa o bebê dormindo, ela pensa em tudo o que a irmã disse, qual seria o destino dessa criança se fosse parar em um orfanato? Elisa tem o destino desse bebê em suas mãos e em meio a todos esses pensamentos a enfermeira acaba pegando no sono.

O Bebê dorme a noite toda, pela manhã Elisa acorda e prepara-se para ir a delegacia, mas quando está prestes a sair ela olha para aquele bebê em seus braços e algo lhe toca o coração, ela não pode abandoná-lo à mercê de um orfanato, a enfermeira emocionada decide que ficará com a criança.

— O que você fez comigo? — Pergunta Elisa com os olhos lacrimejantes.

— Eu só passei uma noite com você e olha agora! — Continua a enfermeira.

— Não vai ser nada fácil, mas vou ficar com você! — Declarou a enfermeira.

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