
Autor: Fábio Anhaia.
Não foi por mal! Dizia ele enquanto a levantava do chão.
Não foi por mal! Repetia ele outra vez enquanto ela tapava com base os roxos de seus braços.
Não foi por mal! Declarava ele enquanto ela prendia o cabelo para que ninguém percebesse as falhas em sua cabeça.
Não foi por mal! Insistia ele enquanto ela limpava a boca ensanguentada.
Não foi por mal! Continuou ele enquanto seguiam caminho ao hospital.
Não foi por mal! Dizia ele enquanto empurrava a cadeira de rodas em que ela estava.
Até quando ela terá que aguentar, até quando terá que escutar a mesma frase, a mesma desculpa.
Em uma tarde na delegacia, ela conta toda a história ao delegado, as mesmas frases, os mesmos acontecimentos, mas dessa vez na ordem certa.
Ela levantava do chão pedindo uma explicação, então o questiona se foi sem querer e ele responde: Não, foi por mau!
Ela tapava os roxos de seus braços e o questionava se foi sem querer e ele repetia: Não, foi por mau!
Ela tapava as falhas do cabelo o questionando se foi sem querer e ele declarava: Não, foi por mau!
Ela limpava a boca ensanguentada o questionando se foi sem querer e ele insistia: Não, foi por mau!
Eles seguiam para o hospital e ela questionava se foi sem querer e ele continuava a afirmar: Não, foi por mau!
Ela questionava em uma cadeira de roda se foi sem querer e ele declarou: Não, foi por mau!
Não confunda as frases, quando estiver sofrendo abuso lembre-se que não foi sem querer, foi por mau!
Deixe um comentário