
Nos dias seguintes Andressa cumpriu seu trabalho com muita dificuldade, Vitória não a deixa em paz e desconfia de cada passo dela na fábrica, mesmo assim Andressa consegue umas brechas, no fim do dia ela liga para Diogo e passa o relatório dos passos dos três.
— Ótimo, tenho um plano, vou até a loja de suplementos hoje, preciso fazer uma visitinha a um velho amigo! — Declarou Felipe em uma ligação com Diogo.
No fim do dia Felipe faz exatamente o que disse que faria, ele vai até a loja de suplementos, ao chegar ele solicita a presença de Pedro.
— Ai está você! Podemos conversar? — Questiona Felipe.
— E por que eu conversaria com você? Não temos assunto nenhum a tratar! — Responde Pedro.
— Ahhh Pedro, nós temos sim! Já sei de tudo! — Revela Felipe.
— Não sei do que você está falando! — Revida Pedro.
— Vitória! Você a ajudou a fugir! Onde ela está? — Insistiu Felipe.
— Eu insisto em dizer que não sei do que você está falando! — Rebate Pedro.
— Tudo bem! Não quer dizer, vou até a polícia e te denuncio por sequestro! — Ameaça Felipe.
— Vai na fé! Eu vou até lá e te denuncio por cárcere privado e assassinato! — Responde Pedro.
— O que? Como você… isso não vai ficar assim Pedro, você não pode contra mim! — Declara Felipe visivelmente nervoso com a ameaça de Pedro.
— Felipe, você que não pode contra mim! — Decretou Pedro cara a cara com Felipe.
Felipe sai da loja de suplementos em fúria, ele odeia ser ameaçado, o rapaz perde totalmente o controle quando percebe que está nas mãos de alguém. Felipe entra no carro completamente fora de si, ele liga o carro e percebe que Erick vem chegando na loja, o rapaz age por impulso e joga o carro para cima do marido de Aline, mas antes que Felipe possa atingir Erick um carro bate na lateral do seu.
— Meu Deus! — Exclamou Pedro.
Dentro do carro Felipe está tonto com a batida, o rapaz sai do carro e questiona o que aconteceu.
— Mas o que… Ahhh, o que aconteceu? — Disse Felipe gemendo de dor.
Do outro carro desce Aline cambaleando.
— Aline? — Dizem Erick e Pedro simultaneamente.
— Amor! Você está bem, meu Deus, o que aconteceu? — Questiona Erick.
— Você está bem? — Pergunta Aline ao marido.
— Estou, mas e você, se machucou? — Responde Erick preocupado.
— Estou bem, já fiz isso uma vez, foi divertido repetir! — Revelou Aline.
— O que? Você está maluca! Pelo amor de Deus, nunca mais repita isso! E Lucas, onde ele está? — Questiona Erick assustado.
— Ele ficou na fábrica com a Taisa, eu estava em uma confeitaria. — Responde Aline.
— Graças a Deus, mas você está bem mesmo? — Insiste Erick preocupado com a esposa.
— Está tudo bem, para de insistir! — Responde Aline.
— Agora e você? Tá maluco? Porque atirou o carro para cima do meu marido? — Questiona Aline a Felipe.
— Não sei o que aconteceu, perdi o controle do carro… — Mentiu Felipe.
— Perdeu o controle da vida não é! — Provoca Aline.
Felipe entende o recado da moça, mais uma pessoa sabe de seus crimes e isso o assusta.
— Preciso ir, me desculpem o acidente… — Responde Felipe.
— Vai mesmo, e é melhor ficar bem longe da gente! — Declarou Aline.
— Eu vou, não se preocupe, tudo vai se ajeitar! — Afirma Felipe em tom de ameaça.
Felipe liga para seu segurança buscá-lo e vai para casa. Aline e Erick também deixam o trabalho mais cedo depois do acidente, em casa os dois conversam.
— O que foi que aconteceu? — Questiona Erick.
— Você percebeu? Erick ele ia te atropelar de propósito! — Responde Aline.
— Percebi, e o que foi aquela ameaça que ele fez! “tudo vai se ajeitar”. Que cara maluco! — Assusta-se Erick.
— Você acha que ele pode tentar algo contra nós? — Pergunta Aline.
— Não sei, mas ele não é nem louco, por vocês faço tudo! Ninguém mexe com a minha família! — Declarou Erick abraçando a esposa.
No dia seguinte Pedro e Vitória acordam cedo e conversam na mesa do café, Pedro conta a jovem sobre o acidente.
— Meu Deus, Felipe tentou matar o Erick? Isso está indo longe demais Pedro, preciso impedi-lo. — Declarou Vitória.
— Mas será que a polícia vai acreditar no seu depoimento? — Questiona Pedro.
— Sim, conclui as investigações, consegui as provas, testemunhas, tudo o que é necessário para por Felipe atrás das grades! — Revela Vitória.
— Pedro, tem mais uma coisa que eu ando reparando desde que comecei a trabalhar na fábrica, aquela funcionária Andressa, ela é meia estranha, cheia de segredos e ligações misteriosas, não gosto dela! — Comentou Vitória.
— A Andressa, bem, ela… ela tem um passado um pouco conturbado com Aline e Erick, outro dia te conto, o fato é que ela foi para um retiro espiritual depois que saiu da cadeia e parece que ela mudou, pelo menos é no que Aline acredita. — Revela Pedro.
— Mas mudando de assunto, Vitória estive pensando, será que você aceita jantar comigo hoje? — Pergunta Pedro meio envergonhado.
— Bem, nós moramos na mesma casa, com certeza jantarei com você! — Respondeu a jovem com um sorriso no rosto.
— Ah não, é que pensei em jantarmos fora hoje… — Explicou-se Pedro.
— Sair? Tipo… um encontro? — Pergunta Vitória.
— É, um encontro! — Responde o rapaz.
Pedro se aproxima de Vitória e um clima começa a rodeá-los, a moça já está morando a meses na casa do rapaz e desde aquele dia Pedro já sente algo especial pela jovem, ele não pode negar que está se apaixonando, e o melhor é que Vitória também está. Quando os dois estão prestes a se beijar Elisa entra na sala.
— NÃAAAAAOOOO! — Gritou a avó de Pedro.
Os dois se afastam e se assustam com o grito de Elisa.
— Vó! O que foi! — Questiona Pedro.
— Não, Pedro vocês não podem, meu filho… me desculpe… vocês estão confundindo os sentimentos… — Dizia Elisa tentando não revelar muitas coisas.
— Do que você está falando Elisa? — Questiona Vitória.
— Eu não posso… vocês não podem… — Insistia Elisa.
— Não podemos o que vó? — Questiona Pedro confuso.
Elisa viu-se em uma enrascada, ela já não pode mais guardar seu segredo, Pedro e Vitória não podem se beijar porque são irmãos, mas como ela poderia revelar isso ao neto, ela terá que contar que mentiu para Pedro durante todos esses anos, mas ela não fez por mal, fez porque prometeu a Lilian, sua verdadeira mãe. Chegou a hora e Elisa não irá mais conseguir esconder, é a hora da verdade.
— Pedro, meu neto, sente-se aqui! — Pediu Elisa.
— O que vou te contar agora, é uma coisa que já deveria ter contado a muito tempo. — Iniciou a avó de Pedro.
— Mas por favor me prometa que não ficará bravo comigo, fiz o que fiz por conta de uma promessa, por favor meu filho entenda meu lado! — Pediu Elisa.
— Vó, jamais ficaria bravo com você! Eu te amo e sei que se fez algo, foi para o meu bem! — Concorda Pedro.
— Vocês querem que eu deixe vocês a sós? — Questionou Vitória.
— Não! Minha filha, isso também diz respeito a você! — Surpreende Elisa.
— A mim? — Estranha Vitória.
— Vocês não podem se beijar porque são irmãos! — Revelou Elisa.
Pedro entra em choque, ele não pode acreditar no que a avó está dizendo, como ele e Vitória podem ser irmãos? Aquilo não faz sentido nenhum para o rapaz. Ele olha para Vitória sem entender;
— O que? — Disse Pedro com os olhos lacrimejantes.
— O que a senhora está dizendo? Isso é loucura! — Declarou o rapaz.
— Não, meu filho a muitos anos atrás, eu era enfermeira no hospital, em uma noite após o plantão, a campainha tocou e encontrei um bebê na minha porta, era você Pedro. Procurei sua origem por um tempo até que um dia Nicolau me contou sobre sua mãe, foi ele, foi Nicolau quem deixou você na minha porta. — Revelou Elisa.
— Meu Deus, Vó, o que a senhora está dizendo? — Pergunta Pedro confuso em meio a lagrimas.
— Meu amor, sua mãe era Lilian, aquela mulher que visitamos lá no interior quando você era pequeno lembra? — Disse Elisa.
— Meu Deus! — Responde Pedro entrando em desespero.
Pedro chora feito uma criança, ele passou meses procurando informações sobre sua origem e a fonte de toda a verdade estava ali na sua própria casa.
— Vó… eu… eu… — Disse Pedro caindo em lagrimas.
— Sua mãe teve de fugir para lá porque seu pai, o Álvaro, ele tentou matá-la quando descobriu que ela estava grávida. — Continuou Elisa.
— Matá-la? Meu Deus, então, foi isso… — Disse Vitória em choque.
— Sim, e por isso vocês não podem se beijar, seu pai Álvaro, também é o pai de Pedro! — Declarou Elisa a Vitória.
— Não! O Álvaro não é meu pai! — Revela Vitória.
— Não é? — Questiona Pedro.
— Não, minha mãe não podia ter filhos, Pedro, eu fui adotada! Nós não somos irmãos! — Revelou Vitória.
Pedro olha para a jovem e agradece a Deus por não serem irmãos, afinal o rapaz já está apaixonado por ela e não saberia o que fazer se eles não pudessem ficar juntos, tantas revelações e pelo menos uma delas o deixa feliz. Pedro beija Vitória que revida com outro beijo, em meio a beijos e lagrimas Pedro direciona sua atenção para a avó.
— Me perdoe Pedro, não queria ter mentido, mas não podia, prometi a sua mãe. — Explicou-se Elisa.
— Vó, não tenho o que te perdoar, você cuidou de mim, me alimentou, me educou, eu te amo! Te amo eternamente dona Elisa! — Declara Pedro abraçando e beijando a avó.
— Mas então se não sou seu irmão, e o Felipe? — Questiona Pedro.
— Pedro, Felipe cometeu todos aqueles crimes, porque descobriu que não era filho do nosso pai, a enfermeira Jade contou a ele que ele foi trocado na maternidade! — Revelou Vitória.
— Trocado? — Questiona Elisa.
— Sim, Felipe foi trocado por Jade e uma colega! — Declarou Vitória.
Elisa sente-se mau, a avó de Pedro põe a mão no peito e sente uma forte dor, Pedro e Vitória se desesperam e levam a enfermeira para o hospital as pressas, Elisa sente que sua hora está chegando, ela já havia revelado ao neto a verdade e essa era a única coisa que a mantinha presa aqui, é hora de se despedir.
— Pedro… meu filho… eu te amo! E antes de partir… — Iniciou Elisa.
— Vó, fica quietinha, você vai ficar bem! — Disse Pedro em meio a lagrimas enquanto dirige em direção ao hospital.
— Pedro, fui eu! Fui eu que troquei os bebês com a Jade! — Revela Elisa ao neto.
— Vó… — Disse Pedro chorando.
— Eu te amo… — Declara Elisa dando seu último suspiro de vida nos braços de Vitória.
— Vó? Vó? Por favor, não…. não me deixa… Vó… — Chamava Pedro em desespero.
— Pedro, acho que… meu amor… — Disse Vitória em meio a lagrimas.
Pedro e Vitória chegam ao hospital, mas já é tarde, Elisa morreu no caminho. Erick e Aline são avisados e correm as presas para apoiar Pedro nesse momento tão difícil. No hospital Pedro chora desesperadamente, Vitória o abraça, de repente uma surpresa, Aline, Erick, Raul, Taisa, Natalia, Erick (advogado) e Afonso chegam para apoiá-lo, sim todos estavam lá, a família de Pedro, assim como deve ser.
— Vocês? Aqui… — Disse Pedro emocionado.
— Pedro, nós somos sua família e jamais te deixaríamos só nesse momento! — Disse Aline abraçando o rapaz.
— É cara! A gente está aqui! — Afirma Erick abraçando o amigo.
— Um por todos… — Disse Raul.
— E todos por um! — Completou Erick (advogado).
— Na alegria… — Continua Natalia.
— E na tristeza! — Completa Taisa.
— Para sempre juntos Pedro, como uma família deve ser! — Concluiu Afonso.
Todos juntam-se a Pedro em um grande abraço coletivo, o amor deles aquece o coração do rapaz, ele está devastado com a morte da avó, mas ao mesmo tempo está grato por tanto amor recebido. Pedro sabe que toda essa dor da perda irá passar, ele só precisa estar com pessoas como eles, pessoas que o amam de graça, sem interesse algum, sem querer nada em troca, pessoas que amam pelo simples prazer de amar.
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