Pais de primeira viagem

Autor: Fábio Anhaia

Era noite quando Taisa a última convidada do primeiro “mêsversário” do pequeno Lucas saiu da casa de Aline e Erick. Não havia sido uma festa grandiosa, Aline preparou um bolinho e alguns docinhos para a comemoração, apenas as pessoas mais “chegadas” foram convidadas, mas como se sabe, os “ mais chegados” de Aline e Erick davam para encher um enorme salão.

Os papais do pequeno Lucas o colocam para dormir, Aline e Erick estavam exaustos, o dia foi longo e havia tanto para organizar.

— Vamos dormir, amanhã organizamos essa bagunça! — Declarou Erick.

— Você tem razão, não aguento ficar um minuto se quer a mais em pé! — Concordou Aline.

Os dois passam pelo quarto do bebê e o observam dormir tranquilamente.

— Ele é a coisa mais linda desse mundo, tão pequeno, tão frágil… — Pontuou Aline.

— É, e foi nós que fizemos! — Concordou Erick beijando a esposa.

Erick e Aline tomam um banho e se preparam para dormir, finalmente eles poderiam descansar após aquele dia agitado. Ao fechar os olhos Aline percebeu aquele silêncio prazeroso, aquele tão esperado silêncio após um dia barulhento. Por um segundo Aline e Erick puderam relaxar, mas no segundo seguinte um som enorme atrapalhou aquele momento, como se fosse uma bomba que explodiu dentro do apartamento, mas era menos que isso, muito menos, o pequeno Lucas despertou e desandou a chorar.

O menino chorava como se não houvesse amanhã, Aline e Erick se olham e o marido já entende o recado.

— Tudo bem, é a minha vez! — Concordou Erick levantando-se.

No quarto do bebê, assim que Erick abre a porta o pequeno Lucas para de chorar e observa o pai com os olhos arregalados, ao ligar a luz Erick percebe um “sorriso” no rosto do filho.

— Sacanagem em? Será que você faz de propósito? — Questionou Erick.

Erick pega o pequeno em seus braços, confere a fralda, tenta amamentar, mas esse não era o problema.

— Então se está tudo certo, é hora de dormir! — Disse Erick sentando-se na cadeira de balanço e começando a cantarolar.

Trinta minutos depois, Lucas já estava dormindo como uma pedra, Erick o põem no berço e volta para o quarto.

— Está acordada? — Questionou Erick ao perceber que Aline ainda não havia pegado no sono.

— Sim, não consegui dormir sem você… — Respondeu Aline.

Os dois preparam-se para dormir, Aline deita sobre o peito de Erick e quando fecham seus olhos, Lucas desperta e volta a chorar.

Aline levanta e vai até o quarto do pequeno, ela pega-o em seus braços e começa a cantarolar de um lado para o outro, quinze minutos se passam e o bebê já está dormindo feito um anjo.

A jovem mãe retorna ao quarto e encontra Erick a esperando.

— Agora sim, podemos finalmente dormir! — Declarou Aline.

Mas antes mesmo que Aline pudesse deitar na cama, Lucas desperta e retorna a chorar. Erick entra no quarto e ascende a luz, no berço estava o bebê com os olhos bem arregalados.

— Então? Qual é? Vai dormir hoje não? — Questionou Erick.

O bebê sorri para o pai e ele se derrete todo, nesse momento Aline entra no quarto.

— E ai? Qual é o problema agora? — Questionou a jovem.

— O problema é que ele não quer dormir, a fralda está ok, não quis mamar, ele só não quer dormir! — Respondeu Erick.

— Bem, mas nós queremos! Então seu safadinho, “dooooormeeee”! — Disse Aline abraçando o marido que já estava com o filho no colo.

O bebê sorri para Aline, os três vão para o quarto do casal e começam a assistir algum filme que passava em um canal qualquer, Aline adormece e Erick está quase pegando no sono quando Lucas chora.

— O que é, o que houve? O seu problema é comigo não é rapaz? — Diz Erick e o bebê sorri.

— Muito bem, amanhã o papai precisa trabalhar, será que você poderia me deixar dormir? — Questiona Erick

O bebê o observa como se estivesse entendendo tudo o que ele dizia. Dez minutos após, Lucas adormece, Erick observa o pequeno por mais dez minutos e finalmente consegue dormir, aquele era o momento mais esperado do dia de Erick, poder dormir, descansar após um dia exaustivo e finalmente o momento havia chegado, seria perfeito se não fosse o despertador tocar.

Eram seis da manhã e Erick precisava levantar para trabalhar, o papai de primeira viagem levanta, bebe um café bem forte e vai até o quarto. No quarto Erick encontra Aline e Lucas dormindo como dois anjos, ele beija o rosto da esposa e do filho e os observa por mais uns minutos, Erick não havia dormido nada, mas mesmo assim não trocaria aquela vida por nenhuma outra.

O Havaiano

Verão de 2020.

De férias no Havaí, Raul e Natalia estão animados no quarto do hotel, a meses prepararam essa viagem e estão excitados com o que os aguarda.

— Que pena que Aline não pode vir. — Disse Natalia.

— É, desde que começou a lidar com esses investidores ela anda sem tempo. — Respondeu Raul.

— Bom, mas nós vamos aproveitar! — Declarou Natalia.

— Ah nós vamos, por nós e por ela! — Declarou Raul entregando uma taça de espumante a Natalia.

Após organizar tudo no quarto os amigos descem para a praia do resort, os dois entram no mar e algo chama a atenção de ambos um homem charmoso e boa pinta que acabará de chegar.

— Benza Pai, que isso! – Declarou Raul.

— Isso é um Deus Havaiano Raul! — Respondeu Natalia.

Os dois ficam babando enquanto o bonitão tira o short e fica apenas de sunga.

— Olá! — Cumprimenta o bonitão entrando no mar com eles.

— Oiiiii — Responderam os dois simultaneamente.

— Meu Deus! Que homem! — Disse Raul.

De repente os dois retornam a realidade quando uma onda quebra sobre eles.

— AAAAAAAHHHURGRHGURGUR! — Gritaram os amigos engolindo água e areia.

— Meu Deus Natalia! Amiga onde você está! — Gritou Raul levantando na beira da praia.

— Estou aqui! — Declarou Natalia levantando-se na beira do mar.

Mais tarde no jantar lá estava o bonitão no restaurante, ele os observava como se estivesse paquerando os dois ao mesmo tempo.

— Ele está olhando para mim, está olhando para miiiiimm! — Disse Raul.

— Está maluco! É para mim que ele está olhando! — Revidou Natalia.

— Você é que está maluca! Está na cara que ele é gay, olha para ele! — Afirmou Raul.

— O que? Raul para você todo homem bonito é gay, então pode parar! — Disse Natalia.

No meio da discussão os dois são interrompidos pelo garçom do restaurante:

 — Aquele senhor perto da janela enviou para vocês essa garrafa de espumante! — Revelou o garçom.

— Ai meu Deus! — Disseram os dois rindo.

Natalia e Raul abanam para o bonitão que abana de volta, eles estavam muito animados que haviam sido notados pelo galã. Após o jantar eles voltam para o quarto, Raul informa Natalia que descerá até a recepção para pedir mais travesseiros enquanto a amiga se arruma para dormir. Quarenta minutos depois Natalia se preocupa com a demora de Raul e desce atrás do amigo, ao chegar na recepção é surpreendida ao ser informada de que Raul não desceu até lá.

— Como assim? Mas gente onde ele está! — Pensou Natalia.

Ao retornar ao quarto Natalia encontra Raul na cama.

— Raul, onde você estava? — Questionou a amiga.

— Na recepção! — Respondeu Raul.

— Eu vim de lá agora Raul! — Revelou Natalia.

— Bem, eu fui até a recepção, mas aí fui informado que deveria pegar os travesseiros com a camareira (olhava Raul para o carrinho de serviço do hotel), acompanhei ela (olhava agora para a cortina), peguei os travesseiros e aqui estou! — Disse Raul.

— Um, está bem, e o bonitão se encaixa onde nessa sua história? — Questionou Natalia.

Raul então começa a se comportar estranho, como se estivesse tentando dizer algo a Natalia.

— Anda Raul, responde! — Insistiu Natalia ao reparar os olhos do amigo.

— O que foi? — Disse Natalia.

— O vento! Está frio, não acha! — Disse Raul nervoso.

Natalia olha em direção a porta da varanda e percebe algo escondido atrás das cortinas.

— Ah, claro, eu vou buscar cobertores. —  Diz Natalia andando até a porta do quarto.

Ao bater a porta o bonitão sai de trás das cortinas e tem uma surpresa, Raul quebra um vaso de flor em sua cabeça e ele desmaia.

— Meu Deus Raul, o que você fez? — Questionou Natalia.

— Anda vamos, precisamos correr! — Disse Raul puxando a amiga pelo braço.

— Mas o que aconteceu? — Questionou Natalia.

— Ele é um bandido! Queria nos assaltar, ele ameaçou me matar amiga, disse que tinha uma arma! — Revelou Raul.

— Raul, pare! Pense comigo, se ele tivesse uma arma, não se esconderia atrás das cortinas, não acha? — Disse Natalia.

— Bem, realmente! — Concordou Raul.

— Ele é um “golpistazinho” amador Raul, anda me ajude. — Disse Natalia.

Raul e Natalia colocam o bonitão no carrinho do hotel completamente nu e o carregam até a praia, na praia eles amarram o rapaz em um poste de luz pelado e com um recado de batom no abdômen que dizia o seguinte.

“Nunca mais vou dar golpe em ninguém, muito menos em brasileiros!”

No dia seguinte a polícia prende o golpista por diversos crimes cometidos no resort, mas antes que pudessem leva-lo várias vítimas do rapaz atearam tomates e outros legumes nele. Natalia e Raul observam o rapaz ser levado e concluem que essa será uma boa história para contar a Aline na próxima reunião.

Crie um site ou blog no WordPress.com

Acima ↑