Não, foi por mau!

Autor: Fábio Anhaia.

Não foi por mal! Dizia ele enquanto a levantava do chão.

Não foi por mal! Repetia ele outra vez enquanto ela tapava com base os roxos de seus braços.

Não foi por mal! Declarava ele enquanto ela prendia o cabelo para que ninguém percebesse as falhas em sua cabeça.

Não foi por mal! Insistia ele enquanto ela limpava a boca ensanguentada.

Não foi por mal! Continuou ele enquanto seguiam caminho ao hospital.

Não foi por mal! Dizia ele enquanto empurrava a cadeira de rodas em que ela estava.

Até quando ela terá que aguentar, até quando terá que escutar a mesma frase, a mesma desculpa.

Em uma tarde na delegacia, ela conta toda a história ao delegado, as mesmas frases, os mesmos acontecimentos, mas dessa vez na ordem certa.

Ela levantava do chão pedindo uma explicação, então o questiona se foi sem querer e ele responde: Não, foi por mau!

Ela tapava os roxos de seus braços e o questionava se foi sem querer e ele repetia: Não, foi por mau!

Ela tapava as falhas do cabelo o questionando se foi sem querer e ele declarava: Não, foi por mau!

Ela limpava a boca ensanguentada o questionando se foi sem querer e ele insistia: Não, foi por mau!

Eles seguiam para o hospital e ela questionava se foi sem querer e ele continuava a afirmar: Não, foi por mau!

Ela questionava em uma cadeira de roda se foi sem querer e ele declarou: Não, foi por mau!

Não confunda as frases, quando estiver sofrendo abuso lembre-se que não foi sem querer, foi por mau!

Para Todas as Mulheres

Autor: Fábio Anhaia

Para todas as que trabalham dia e noite,

Para todas as que cuidam dos lares,

Para as que são mães, e as que são pais,

Para as que são avós e bisavós.

Para as que são professoras,

Para as que são domésticas,

Para as que são empresárias

E para as que são funcionárias

Para as que são loiras,

Para as que são morenas,

Para as que as que estão aqui

 E para as que já partiram.

Para todas as que nasceram mulher,

Para as que que se identificam mulher,

Para as que são únicas,

Para todas as mulheres.

Que não só nesse dia,

Sejam reconhecidas,

Sejam respeitadas

E sejam amadas.

Porque sem elas não viveríamos,

Sem elas não existiríamos.

Porque sem elas não há vida

Sem elas, não há nada.

Feliz dia,

Feliz vida,

Que seja sempre para elas,

Para todas as mulheres.

Felicidade

Autor: Fábio Anhaia.

Quero amar sem medo

Amar sem limites

Quero beijar com amor

E esquecer os problemas que existem

Quero andar de mãos dadas

Abraçar na calçada

Quero sorrir ao teu lado

E sentir que estou sendo amado

Quero esquecer meus problemas

E aguardar o momento que todos me contam

Quero sentir o cheiro das flores

E sorrir a todo instante

Quero andar sem rumo

Ao lado de alguém que deseje o mesmo

Quero ser feliz

Porque todos temos o direito

Direito de amar

Direito de ser amado

Direito de encontrar

Encontrar a felicidade.

Dias Cinzas

Autor: Fábio Anhaia.

Dias cinzas virão, destrutíveis como uma tempestade.

Dias cinzas virão, incrivelmente escuros como a noite.

Dias cinzas virão e com eles os ventos fortes.

Dias cinzas, sem cor, sem vida.

Dias cinzas virão insinuando que não há mais jeito,

Dias cinzas virão, dizendo que a vida não vale o sofrimento.

Dias cinzas virão e com eles as angustias.

Dias cinzas, sem cor, sem vida.

Dias cinzas virão e com eles a chuva forte.

Dias cinzas virão, trazendo consigo as inseguranças.

Dias cinzas terríveis, gelados e incrivelmente longos.

Dias cinzas, sem cor, sem vida.

Dias cinzas virão e não há como evitar.

Dias cinzas nos farão mais fortes.

Dias cinzas nos ensinarão.

Dias cinzas, sem cor, sem vida.

Apenas dias cinzas.

Desculpa!

Autor: Fábio Anhaia.

Desculpa tomar teu tempo

Desculpa te fazer chorar

Desculpa te fazer sentir culpa

Por um amor que jamais existirá.

Desculpa te fazer se humilhar

Por alguém que não te merece

Desculpa te fazer se importar

Por alguém que não faz questão.

Desculpa te impedir de viver

Desculpa te forçar a acreditar

Em algo que já se foi, ou que talvez nunca existiu.

Desculpa te alertar só agora

Desculpa te fazer acordar

Mas saiba que ainda há tempo

Pois aqui estou, diante de mim mesmo, me pedindo desculpas.

O Preço de um Segredo: Capítulo 7 – O Preço de um Segredo.

Capítulo 7 – O Preço de um Segredo.

Na casa de Felipe, ele e sua irmã preparam tudo para o funeral de Álvaro, Vitória estava inconsolável e Felipe mantém a mesma postura firme. O fato é que ele não sente remorso por ter assassinado o pai, é como se de certa forma o rapaz estivesse aliviado.

Longe dali Elisa recebe a visita de uma velha amiga, Jade a enfermeira que trabalhou com Elisa durante muitos anos soube do estado de saúde da ex-colega e foi visitá-la.

— Que bom que você veio, a quantos anos não nos falamos? — Perguntou Elisa.

— A muito tempo Elisa. — Respondeu Jade.

— Como você se sente? — Questionou Jade.

— Ai Jade, não ando muito boa, as vezes passo o dia bem, mas as vezes não tenho vontade nem de levantar. Fiz alguns exames, mas não constam nada, minha saúde é de ferro. Acho que o que está me fazendo mal é o coração e os segredos que ele guarda. — Respondeu Elisa.

— Eu morro de medo de que Pedro descubra tudo um dia, ele nunca me questionou, mas e se ele resolver saber a origem dos pais? — Disse Elisa.

— Sabe Elisa, todos temos segredos, eu mesma tenho os meus, e o que você está me falando faz todo sentido, eu também não me sinto bem com meu coração, talvez tenha chegado o momento de Pedro saber. — Aconselhou Jade.

 — Eu não posso, fiz uma promessa a Lilian, não posso descumprir. — Afirmou Elisa.

— Elisa, eu também fiz uma promessa a uma pessoa a muito tempo atrás, mas vendo você aqui agora adoecendo por conta desse segredo, acho que chegou a hora de me acertar com o passado, e acho que você deveria fazer o mesmo! — Concluiu Jade.

— Do que você está falando? Que promessa? — Perguntou Elisa.

— É coisa minha Elisa, mas pense no que eu disse, você está velha como eu, não se deixe terminar, tenho toda a certeza que Pedro entenderá que tudo o que você fez foi por amor a ele! — Respondeu Jade.

— Agora preciso ir, fique bem minha amiga, e se precisar de algo é só chamar. — Despediu-se Jade.

Elisa ficou pensativa, que segredo Jade teria guardado por todos esses anos, a enfermeira pensa e repensa e não chega a conclusão alguma.

Na loja de suplementos Erick e Pedro encerram mais um dia de muitas vendas, mais cedo Erick havia recebido a visita da Aline, a maluca da fábrica de bolos, mas o que ela queria ali, todos ficaram de ouvidos em pé.

— Mais um dia concluído! — Disse Pedro.

— Mais um dia! Até amanhã Pedro. — Despediu-se Erick.

— Até amanhã! — Respondeu Pedro.

Pedro observa o quanto Erick está pensativo e preocupa-se.

— O que será que aconteceu lá em cima? — Se perguntou Pedro.

Mais um dia amanhece na cidade do Rio de Janeiro, Pedro chega cedo a loja de suplementos, no meio da manhã uma discussão se inicia entre Andressa, vendedora da loja, e Aline, a maluca da fábrica. Pedro pensa em ir verificar a confusão, mas Erick chega antes e leva Aline para o escritório, alguns minutos se passam e Erick chama Pedro na sua sala.

— Pedro, preciso da sua ajuda! — Revelou Erick.

— Claro, aconteceu alguma coisa Erick, eu vi a Aline sair daqui mais cedo… — Disse Pedro.

— Sim, Pedro a Aline veio até aqui para me fazer uma proposta e eu aceitei, foi ontem ainda, faria tudo sozinho se pudesse, mas hoje ela me disse que nós precisamos de testemunhas. — Disse Erick.

— Testemunhas? Mas o que aconteceu? — Questionou Pedro.

— Nós vamos nos casar! — Respondeu Erick.

— Casar? Você e a fera? Quer dizer, você e a Aline? — Perguntou Pedro.

— Sim, é tudo de fachada, ela vai fechar um contrato e me ofereceu uma grana para casar com ela. — Revelou Erick.

— Você sabe que a situação da loja não anda bem e tem aquele dinheiro que emprestei para o Afonso, você nos ajuda? — Perguntou Erick.

— Claro Erick, pode contar comigo! — Declarou Pedro.

Enquanto isso na casa de Felipe, ele e Vitoria decidem que a irmã irá estudar no exterior, como ele ficaria muito tempo no escritório não faria bem a ela ficar sozinha em casa.

            Alguns dias depois…

Felipe se levanta cedo e vai para o escritório, no meio da manhã ele está lendo em suas redes sociais e passa por um anúncio da loja de suplementos de Erick, Felipe lembra de Pedro no mesmo instante e começa a ficar irritado. Ele nunca esqueceu de tudo que Pedro fez a ele, como ele teve coragem, que espécie de amigo ele era? Essas perguntas martelavam na cabeça de Felipe desde a infância. Felipe recebe uma ligação da secretária, uma senhora estava aguardando para falar com ele.

— Bom dia! — Disse Jade, a ex enfermeira.

— Bom dia! — Respondeu Felipe estranhando a visita.

— No que posso ajudá-la? — Perguntou Felipe.

— Estou aqui porque preciso consertar um erro meu de muitos anos atrás! — Respondeu Jade.

— Erro? Do que a senhora está falando? — Perguntou Felipe.

— A muito tempo atrás eu era enfermeira e no hospital que trabalhava nasceram duas crianças ao mesmo tempo, uma delas era você. — Começou Jade.

— E daí? Praticamente todo mundo nasce no hospital, minha senhora, não tenho tempo para bobagens, por favor se a senhora puder sair… — Dizia Felipe.

— Não! Eu só saio daqui depois de dizer tudo o que vim para dizer! — Repreendeu Jade.

— Eu vi no jornal que o senhor Álvaro faleceu. — Recomeçou a enfermeira.

— Exatamente, morreu e agora eu como herdeiro legitimo assumi tudo, mas o que a senhora tem a ver com isso? — Questionou Felipe.

— Você não é o herdeiro legitimo, você nunca foi, porque você não é filho do senhor Álvaro! — Revelou Jade.

Felipe entra em estado de choque, ele não consegue acreditar no que ouviu, como pode? Aquela senhora aparece do nada e diz que ele não é filho de Álvaro. Felipe senta-se em sua cadeira incrédulo.

— Do que você está falando velha doida? — Questionou o rapaz.

— Eu troquei os bebês, naquela noite houveram dois partos ao mesmo tempo, menti que um dos bebês havia morrido, te sequestrei e te vendi a senhorita Marieta, ela me disse que precisava de um filho porque tinha medo de perder o marido, ela usou uma barriga falsa, apresentou ultrassons falsos que eu arrumei a ela, o senhor Álvaro sempre acreditou, eu roubei você e te entreguei a ela assim que você nasceu! — Continuou Jade.

— Os seus pais biológicos nunca souberam que roubava seus ultrassons e exames, acompanhei seu pré-natal e toda gestação, já havia planejado o sequestro meses antes de você nascer, a minha sorte foi o outro parto, foi ai que tive a ideia de trocar os bebês, minha colega que estava na sala comigo nem percebeu que você estava vivo, assim que você nasceu logo te tirei da sala, quando voltei informei a ela e o médico que você havia morrido, nós três entramos em consentimento e decidimos entregar a outra criança ao casal, a mãe biológica do outro bebê era moradora de rua, a criança não tinha mais ninguém. — Concluiu Jade.

— E o que você faz aqui agora? — Perguntou Felipe.

— Estive visitando uma colega doente, a enfermeira que me ajudou a trocar você e percebi que se eu morrer que seja com o coração leve! — Declarou Jade.

— Você contou essa história para mais alguém? — Perguntou Felipe.

— Não, nunca, guardei esse segredo comigo a minha vida toda. — Respondeu Jade.

Felipe limpa as lagrimas que escorriam no seu rosto e se levanta, ele começa a andar sorrateiramente pela sala, claramente estava pensando em algo. Felipe chega as costas da senhora e se aproxima.

— Tudo bem, vamos resolver isso da melhor maneira. — Diz o rapaz.

— Vou levá-la para casa! — Continuou Felipe.

— Está tudo bem meu filho, posso ir sozinha, não se preocupe. — Disse Jade.

— Eu faço questão, aproveito e vou para casa também, toda essa história me deixou abalado. — Respondeu o rapaz.

Felipe e a senhora saem do escritório e vão para o carro do rapaz, no caminho para a casa de Jade o rapaz a questiona sobre seus pais biológicos. Jade conta a Felipe que não sabe quem são, mas que o hospital tem um acervo com os registros de nascimento e óbito das pessoas, a enfermeira explicou para ele que os pais dele registraram a criança como Afonso Pinto, se encontrasse esse nome Felipe encontraria o nome de seus pais.

— Chagamos, obrigada pela carona. — Respondeu Jade.

— Imagina! — Respondeu Felipe.

— Você não quer subir, tomar um café, uma água? — Perguntou Jade.

— Seria um prazer! — Respondeu Felipe.

O rapaz entra com Jade no apartamento e eles vão até a cozinha, na cozinha Jade começa a preparar um café enquanto Felipe está sentado na mesa. Jade fica de costas o tempo todo para o rapaz.

— A senhora vive aqui sozinha? — Perguntou Felipe.

— Sim, não me casei e nem tive filhos, sempre vivi sozinha. — Revelou Jade.

— E a senhora não sente medo? Na sua idade é perigoso viver sozinha. — Disse Felipe.

— Ah meu filho, não tenho medo não, depois de velha a gente já não sente mais medo de nada. — Revelou Jade.

— E a senhora não tem nenhuma câmera? Deveria ter, é mais seguro! — Disse o rapaz.

— Não, que isso, não tenho nem dinheiro para essas coisas não, sou só uma velha enfermeira aposentada. — Respondeu a senhora.

Felipe levanta da cadeira e pega um jarro de vidro que está sobre a mesa, ele se aproxima de Jade que ainda está de costas para ele e nem percebe a aproximação.

— Obrigada por ter me contado tudo, e principalmente por ter guardado esse segredo por tanto tempo. — Disse Felipe.

Quando Jade se vira para o rapaz é atingida com o jarro na cabeça e cai desmaiada, ele então a leva até a escada de incêndio do prédio e a atira lá de cima. Jade vivia no terceiro andar e com a idade que tinha jamais resistiria, Felipe observa a senhora morta do topo da escada e volta para o apartamento. No apartamento ele limpa tudo que poderia ter deixado de digitas e sai pela porta da frente.

Em casa Felipe pensa em tudo que ouviu de Jade e ao mesmo tempo não tira o assassinato que cometeu da cabeça.

— Esse é o preço pelo seu segredo! — Disse Felipe tomando um gole de Whisky.

A Encruzilhada

Autor: Fábio Anhaia.

Existe um momento em nossas vidas que estamos em uma encruzilhada e é chegado a hora de decidir, seja qual for o assunto todas as pessoas chegam a esse momento. Até aqui carregamos as nossas incertezas, nossos medos, nossos dramas, desejos, amores e assuntos mal resolvidos. Essa hora um sentimento enorme invade nosso peito e a vontade de chorar é imensa, a de sorrir é maior ainda, a sensação de liberdade se mescla com o medo da rejeição, a tristeza se une a felicidade e o medo de decepcionar quem amamos abraçasse a coragem de ser quem somos e realizarmos o que queremos.

As pessoas que já passaram por isso tomaram seus caminhos e hoje, ou estão vivendo seus sonhos em sua mais perfeita harmonia ou estão decepcionadas por escolherem o caminho errado. Infelizmente essa escolha deve ser tomada por você unicamente e ninguém mais, não há colo para correr, não há abraço para amenizar, todo esse peso que se encontra em suas costas é seu.

Então se você está lendo esse texto e sente que chegou a esse momento saiba que não é o primeiro e nem será o último, todos vamos passar por isso e todos decidiremos que caminho seguir, se é certo ou errado, não cabe a ninguém julgar, mas saiba que essa chance de escolha é única e ela pode não voltar.

O Preço de um Segredo: Capítulo 6 – Uma Nova Chance.

Capítulo 6 – Uma Nova Chance.

Alguns dias depois da demissão de Pedro, o jovem volta a procurar emprego, ele passa pela Rio de Janeiro inteira e não consegue nada, na volta para casa Pedro passa em frente a uma loja de suplementos.

— Não custa tentar. — Pensou Pedro.

Ao entrar na loja Pedro se depara com um jovem que vem lhe receber, ele é alegre, animado e têm um brilho diferente, uma pessoa que faz com que o outro se sinta bem com um simples sorriso.

— Boa tarde, tudo bem? Posso ajudar? — Perguntou o rapaz.

— Boa tarde, meu nome é Pedro e gostaria de saber se poderia deixar um currículo aqui. — Disse Pedro.

De repente o telefone da loja começa a tocar, o rapaz pede para que Pedro aguarde um instante, nesse meio tempo que o rapaz atende o telefone chegam na loja alguns clientes, após desligar a ligação o rapaz pede para que Pedro aguarde mais um pouco até que ele consiga se liberar. Pedro observa todo aquele movimento e fica animado.

— É, ele realmente precisa de ajuda! — Pensou Pedro.

Nesse momento mais alguns clientes entram na loja e Pedro toma a liberdade de auxiliar o rapaz. Pedro mostra alguns suplementos aos clientes e o dono da loja o observa de canto.

— Eu vou levar! — Respondeu o cliente a Pedro.

— Pago onde? — Questionou o cliente?

— Isso já é com ele, mas você pode aguardar ali próximo ao caixa! — Respondeu Pedro.

Após se liberar o rapaz retorna para conversar com Pedro.

— Me desculpe, a loja é assim todo dia, uma correria. — Disse o rapaz.

— Seu nome é Pedro, não é? — Perguntou o rapaz.

— Isso! — Respondeu Pedro.

— Ótimo! Eu sou Erick! — Disse o rapaz cumprimentando Pedro.

— Bem, e se você começar agora? — Questionou Erick.

— Agora? — Disse Pedro.

— É, te ensino tudo, eu realmente preciso de ajuda como você mesmo percebeu. — Respondeu Erick.

— Tudo bem! Vamos lá! — Disse Pedro animado.

Durante o resto da tarde Erick explica tudo sobre a loja e o sistema de vendas a Pedro, ele aprende tudo com muita facilidade pois sempre foi um rapaz aplicado. No fim do dia Pedro e Erick fecham a loja.

— Foi um grande dia não é mesmo? — Questionou Erick.

— É, foi mesmo, e então, gostou dos meus serviços? Posso voltar amanhã? — Disse Pedro apreensivo com a resposta.

— Você está brincando? É claro que você volta amanhã, depois e depois hahaha. Está contratado! — Declarou Erick.

Pedro corre para casa contar a novidade para a avó, ele está muito animado com o emprego novo. Ao chegar em casa ele e Elisa comemoram a notícia.

— Eu não disse para você! — Disse Elisa.

— É, a senhora tinha toda razão! — Respondeu Pedro abraçando a avó.

No dia seguinte Pedro retorna para seu segundo dia de trabalho na loja de suplementos, ao chegar ele se depara com o primeiro cliente do dia, Felipe, sim o rapaz compra suplementos com Erick desde que ele havia aberto a rede Fit for Fit.

— Bom dia! — Disse Pedro.

— O que você faz aqui? — Questiona Felipe.

— Eu trabalho aqui agora. — Respondeu Pedro.

Erick chega para abrir a loja e se depara com os dois.

— Bom dia! — Disse Erick todo animado.

— Erick, não sabia que você contratava ladrãozinho para trabalhar com você! — Declarou Felipe.

— Ladrãozinho? — Questionou Erick.

— É, esse ladrãozinho trabalhou em um dos nossos supermercados, ele tentou roubar meu relógio. — Revelou Felipe.

— Isso é mentira Erick! Eu nunca tentei roubar nada! — Defendeu-se Pedro.

— Pedro, é melhor você subir e se trocar, depois a gente conversa. — Disse Erick sério, sem aquele sorriso cativante no rosto.

— Bom, você precisa de alguma coisa Felipe? — Perguntou Erick.

— Sim, o mesmo de sempre! — Respondeu Felipe.

— E Erick, abre o olho com esse Pedro! — Aconselhou Felipe.

Erick se libera do atendimento e em seguida Pedro desce, o patrão olha para o rapaz que está apreensivo sobre o que aconteceria.

— Pedro, vou te fazer uma única pergunta e quero que você responda olhando nos meus olhos! — Disse Erick.

— Você tentou roubar aquele relógio? — Questionou Erick.

— Não! Nunca faria aquilo! — Afirmou Pedro.

— Ótimo, acredito em você! — Respondeu Erick.

— Foi tudo uma armação Erick, o Felipe não gosta de mim e isso não é de hoje… — Revelou Pedro.

— Eu conheço esse tipo de gente, pessoas que se sentem superiores e ao mesmo tempo ameaçadas por gente como nós, são a pior raça! — Declarou Erick.

— Então você não vai me demitir? — Perguntou Pedro.

— Não, jamais faria isso! — Respondeu Erick.

Pedro se emociona com a atitude do patrão.

— Obrigada Erick! — Agradece Pedro.

Pedro e Erick trabalham o dia todo, aquele foi mais um dia produtivo para loja, além de trabalhar eles conversaram muito um sobre a o outro. Nos dias que passaram eles foram criando uma amizade forte, sempre apoiando um ao outro. Nos meses seguintes Erick precisou contratar novas pessoas, os dons administrativos de Pedro fizeram a loja expandir, em menos de três meses Erick abriu uma filial, os negócios só cresciam e muito desse crescimento foi influenciado por Pedro.

Janeiro de 2021.

Mais um ano chega e Erick se prepara para inaugurar mais uma filial da sua rede de suplementos, Pedro agora está com vinte e quatro anos e desde que começou a trabalhar com Erick a Fit for Fit só cresceu, atualmente eles são a maior rede de suplementos de toda a Rio de Janeiro. Pedro passou de vendedor a gerente da rede e de quebra se tornou o braço direito de Erick nos negócios.

— “Vambora” rapaziada! —  Disse Pedro aos funcionários da loja.

— Já tenho duas remessas de suplementos que estão para chegar. — Declarou Pedro.

O dia estava ótimo, a primeira remessa foi descarregada e tudo está às mil maravilhas, até que uma pequena confusão se inicia em frente à loja.

— Não, você não pode estacionar aqui! — Disse Pedro ao motorista do caminhão da fábrica de bolos Doce Mel que fica em frente à loja.

A fábrica é de uma moça chamada Aline, ela e Erick vivem em pé de guerra desde que se conheceram.

— Mas moço, é questão de cinco minutos, eu carrego os bolos e já saio! — Declarou o motorista.

— Negativo, nosso caminhão já vem ali! — Insistiu Pedro.

Em meio a essa discussão Erick aparece e tenta resolver o assunto, porém antes que pudesse concluir Aline aparece e tudo vira uma confusão, voou bolo para todo lado. Após a confusão todos voltam a loja de suplementos para se limpar.

— Essa mulher é maluca! — Esbravejou Erick subindo para o escritório.

— Também acho ela maluca, mas também acredito que você goste dela! — Declarou Pedro.

— Nunca! Nunca que eu ia gostar de uma fera dessa! — Respondeu Erick.

— Erick, está na cara, não adianta se enganar! — Declarou Pedro.

— Você está maluco Pedro, entrou bolo dentro da sua cabeça é? — Revidou Erick.

Após mais um dia de trabalho Pedro retorna para casa, sua avó ultimamente não se sente muito bem e por esse motivo Pedro volta cedo para vê-la. Em casa Pedro prepara o jantar e senta-se para assistir à novela das nove com a avó.

— Eu adoro essa novela! — Disse Elisa.

— Eu também, adoro ver essa novela com você! — Respondeu Pedro olhando para a avó com ternura.

Pedro não sabe por que, mas ele sente que deve aproveitar esse tempo com a avó ao máximo, ele sabe que não será eterno e teme o dia da despedida.

Na casa de Felipe as coisas também haviam mudado, sua irmã Vitória está cursando direito, e o rapaz está prestes a assumir os negócios da família. Felipe não aparece mais na loja de suplementos desde que Erick optou por não demitir Pedro, ele ficou com raiva e desde aquele dia jurou que se vingaria de Pedro e Erick. Vitória se preocupa com o irmão, já faz um tempo que ela observa um comportamento estranho e agressivo nele.

No dia seguinte Felipe se veste no quarto, seu pai Álvaro está em seu último dia como presidente da empresa e anunciará nessa manhã quem assumirá seu lugar a frente da rede de supermercados. O rapaz está vestindo a gravata em frente ao espelho.

— Hoje é o dia! Pena que não poderemos nos despedir! Mas isso tudo é culpa sua! — Disse Felipe olhando seu reflexo no espelho.

Na sala Vitória beija o pai e vai para a faculdade, enquanto Álvaro espera por Felipe. Em seguida o rapaz aparece.

— Antes de sairmos, gostaria de brindar sua aposentadoria, pai você dedicou uma vida a essa empresa, vamos brindar! — Disse Felipe servindo uma taça de espumante para ele e para Álvaro.

— Você tem razão filho, uma vida digna de um filme, e você e sua irmã são a prova disso! Eu nunca errei em nenhuma escolha, tudo que fiz sempre foi por vocês! — Declarou Álvaro.

Felipe entrega a taça para o pai, os dois brindam e bebem o espumante.

— Mas você não está chateado com minha decisão meu filho? — Questionou Álvaro.

— Jamais estaria pai, até porque, ela não vai se concretizar! — Respondeu Felipe com um sorriso no rosto.

— Do que você está falando? — Perguntou Álvaro sentando-se no sofá.

— O que… eu estou tonto… Felipe? — Disse Álvaro enquanto sentava-se no sofá.

— Isso é pela minha mãe, ela morreu porque descobriu todas as suas traições. — Disse Felipe.

— Mas agora, vou resolver tudo! E de quebra, me vingo de todos que me abandonaram, a começar por você! — Continuou o rapaz.

— Não se preocupe pai, digo a Vitória que você mandou lembranças! — Concluiu Felipe bebendo o último gole de espumante e saindo de casa.

Não demora muito para uma funcionária da casa encontrar Álvaro na sala já sem vida, ela chama uma ambulância e avisa os filhos, Vitória corre para casa e Felipe faz um aviso na reunião com os acionistas.

— Meu pai faleceu essa manhã, mas deixou uma procuração assinada com a sua decisão… — Disse Felipe.

— A partir de hoje quem vai gerenciar a rede de supermercados sou eu! — Declara Felipe deixando a sala de reunião.

Na loja de suplementos Pedro emite alguns cupons fiscais para enviar as vendas do dia, o rapaz aderiu a um sistema de delivery nas lojas e isso alavancou ainda mais as vendas. Erick desce do escritório e percebe a quantidade de entregas que teria naquela manhã.

— Uau, Pedro com toda a certeza você é a melhor contratação que já fiz! Eu te amo cara! — Disse Erick.

— Que isso, eu que agradeço você, se não tivesse me dado uma nova chance para recomeçar, nem sei o que faria, obrigado irmão! — Respondeu Pedro.

Uma nova chance, Pedro teve essa nova chance com Erick, o rapaz poderia ter sido demitido em seu segundo dia, afinal a acusação de Felipe foi muito grave, mas Erick optou por confiar nele e talvez essa tenha sido a melhor decisão que Erick já tomou. Por outro lado, Felipe também tem uma nova chance, ele vai assumir as empresas da família, se vingou de seu pai que era o causador da morte da sua mãe, o que mais ele poderia querer? O jovem tem uma chance de apagar todas as suas magoas e seguir em frente, mas o lado sombrio dele o puxa cada vez mais para o fundo.

Você para mim!

Autor: Fábio Anhaia.

Eu só queria poder te ver, e ter a certeza de que é você

Queria poder te tocar e sentir que agora tudo vai mudar.

Eu só queria olhar em teus olhos e perceber o quanto tive que esperar

Só queria beijar tua boca, e saber que agora, tudo vai andar.

Eu só queria que estivesse aqui, mostrando para mim que vai ser diferente

Queria que me segurasse, e provasse que só de nós dois depende.

Queria sentir que posso confiar, e que o sentido da vida é apenas amar

Só queria que me escolhesse, e sem receio, comigo vivesse.

Eu só queria não sentir medo, saber que tudo pode ser superado

Queria você ao meu lado, e juntos deixarmos o mal no passado.

Só queria que a distância fosse menor, sem autoestradas, ou fazendas

Sem pedágios, curvas, campos, cidades ou estados.

Eu só queria poder te amar, amar como nunca fui amado

Amar intensamente, sem se importar com o que vão pensar.

Só queria você aqui, e espero um dia conseguir

Ter você para mim, é o que queria.

O Preço de um Segredo: Capítulo 5 — Vidas Opostas.

Capítulo 5 — Vidas Opostas.

Julho de 2008.

Pedro chega aos doze anos e como qualquer criança nessa idade ele é muito travesso. Elisa é chamada a escola por conta de uma travessura aprontada por Pedro e um coleguinha, Felipe.

— Senhora Elisa, é a diretora da escola, por gentileza solicitamos que a senhora compareça a diretoria imediatamente. — Disse a diretora.

— O que foi que ele fez dessa vez? — Questionou Elisa.

— Bem, aqui explicaremos melhor, mas já adiantando ele e Felipe devem ser separados de turma. — Respondeu a diretora.

Elisa corre até a escola para resolver o problema com Pedro, ao chegar no local a enfermeira tem uma surpresa, o pai de Felipe também foi chamado, e ao perceber quem é o pai do menino, Elisa entra em choque.

Dona Elisa, senhor Álvaro acompanhem-me até a direção. Na sala da direção a diretora contava as peripécias e confusões que Pedro e Felipe aprontaram, mas Elisa não consegue se concentrar pois entrou em choque ao ver Álvaro ali.

— Façam o que for melhor para escola, se eles não podem ficar juntos, então separem os dois de turma. — Disse Elisa a diretora.

— Pois bem, está resolvido! Se a senhora me dá licença eu preciso ir, desde que minha esposa morreu meus filhos e minha família dependem de mim! — Declarou Álvaro.

— Independente da situação, foi um prazer Senhora…? — Continuou Álvaro estendendo a mão a Elisa.

— Elisa! Meu nome é Elisa! — Respondeu a enfermeira cumprimentando o empresário.

— Tenham um bom dia! — Concluiu Álvaro deixando a sala.

No fim do dia Elisa e Pedro estão em casa, enquanto a avó prepara o jantar Pedro termina a lição de casa.

— Vó, a senhora está bem? — Questionou Pedro.

— Está triste por minha culpa? — Continuou o menino.

— O que, não meu filho, claro que não, só estou cansada, o dia no hospital foi puxado. — Respondeu Elisa.

— A senhora não deveria mais trabalhar tanto assim! — Disse Pedro.

— Ah que isso, tenho cinquenta e dois anos, não sou tão velha. — Respondeu Elisa fazendo os dois rirem.

— Mas também estou chateada com você, meu filho nós não temos condição de pagar aquela escola, a bolsa que você tem é preciosa, você não pode arriscar perder. — Disse Elisa.

— Eu sei, me desculpe vó, não farei mais esse tipo de brincadeira. — Respondeu Pedro abraçando a avó.

— Pedro, tem mais uma coisa que quero te pedir, quero que se afaste do Felipe! — Pediu a enfermeira.

— O que? Mas por quê? Eu já disse que não vou mais aprontar na escola. — Questionou Pedro.

— Pedro, não me questione, apenas faça o que digo, é para o seu bem! — Declarou Elisa.

— Mas Felipe é meu melhor amigo vó! — Insistiu o menino.

— Pedro! — Declarou Elisa.

— Tudo bem… — Disse Pedro renegado.

No dia seguinte Pedro chega à escola e encontra Felipe a sua espera.

— Oi Pedro! E aí, o que vamos aprontar hoje? — Perguntou o menino.

— Me desculpe Felipe, minha vó disse que não podemos mais nos falar. — Respondeu Pedro.

— O que? A sua vó é uma velha doida! Você é meu melhor amigo! Não pode parar de falar comigo! — Disse Felipe indignado.

— Não fale assim da minha vó, ela não é doida e tudo que faz é para o meu bem! — Respondeu Pedro chateado.

Felipe sai correndo para a sala de aula enquanto Pedro fica para trás. Na porta da sala Pedro é atacado pela professora que o impede de entrar.

— Venha comigo Pedro, a partir de hoje essa não será mais sua turma! — Declarou a Professora.

Pedro segue com a professora até sua sala nova, para ele não foi difícil entender o pedido da avó, ele a ama e quer dar muito orgulho a ela. Felipe já não aceitou a separação deles tão fácil, ele sempre foi uma criança problemática e nunca aceitou a morte da mãe, Felipe sempre teve certeza de que seu pai tinha alguma coisa a ver com a morte dela.

            Fevereiro de 2016.

Quatro anos se passaram desde que Pedro deixou de falar com Felipe, mas o menino sempre reparou que o amigo não conseguiu lidar com esse distanciamento como ele. Agora com dezesseis anos Pedro resolve dar um oi, eles já não são mais crianças, eles não irão aprontar e sua avó não os impedirá de serem amigos.

Na escola Pedro cumprimenta Felipe.

— Oi!

Felipe olha para Pedro com desprezo.

— O que o favelado da escola pensa que está fazendo?

— Felipe, eu só… — Dizia Pedro.

— Ei, ei ei ei… nem mais uma palavra, não falo com gentinha da tua laia não! — Respondeu Felipe.

Pedro sente-se constrangido e percebe que todos na escola estão olhando para ele. O rapaz não entendia por que daquela atitude de Felipe, ou talvez entendesse, afinal ele abandonou o amigo no momento mais difícil de sua vida.

— Tudo bem, entendo… — Dizia Pedro.

— Você não entende nada, gentinha como você não deveria estar no mesmo ambiente que gente como eu, vocês só servem para uma coisa, limpar a nossa sujeira! — Declarou Felipe.

Após a escola Pedro chega em casa e encontra a avó preparando o almoço, Elisa agora é aposentada e não precisa mais trabalhar, já é hora de Pedro cuidar do futuro dele, e o rapaz está ansioso para conseguir um emprego.

Pedro largou currículo em diversas empresas, mas ninguém ainda havia chamado o rapaz, mas ele mantém firme a esperança, ele sabe que quando fosse para ele o emprego virá.

Por outro lado, Felipe nem precisa procurar, ele já tem a vida feita, assumirá o lugar do pai no comando das redes de supermercados da família, fora isso ele ainda tem uma herança bem gorda da falecida mãe.

— Felipe, troque de roupa, vá vestir algo adequado, hoje você irá comigo para o escritório! — Disse Álvaro ao filho.

— Tudo bem, vou me tocar vossa excelência! — Respondeu Felipe irritando o pai.

No escritório Álvaro mostra e ensina todos os seus afazeres a Felipe, por todo o tempo que esteve aprendendo Álvaro se surpreendeu com o filho, ele parecia outra pessoa, dedicado e interessado em aprender.

Enquanto isso no RH de um dos supermercados a responsável seleciona um currículo, é o de Pedro eles selecionam e o chamam para uma entrevista, o rapaz como sempre muito carismático consegue o emprego.

Alguns meses depois…

Pedro está a alguns meses trabalhando como repositor do supermercado gerenciado pela família de Felipe, ele adora o emprego, têm bons amigos e é um funcionário excelente. Enquanto isso Felipe continua a aprender tudo o que o pai o ensina com muito empenho, Felipe têm tudo para se tornar um presidente ainda melhor que o pai para as empresas.

— Essa noite é seu aniversário filho, vamos fazer um jantar e comemorar! — Disse Álvaro.

— Não quero comemorar, meus aniversários perderam a graça desde que a mamãe se foi. — Respondeu Felipe.

Álvaro percebe a angústia do filho, mas nunca teve coragem de admitir que a esposa se suicidou porque descobriu de todas as suas traições.

— Você que sabe! — Respondeu Álvaro.

Álvaro deixa Felipe no escritório e parte para a uma das lojas da rede de supermercados, no meio de seu passeio pela loja ele observa um funcionário, ele é muito eficiente, cativante e muito prestativo, chamou tanto a atenção de Álvaro que o próprio foi até ele cumprimentar.

— Boa tarde Rapaz! — Disse Álvaro.

— Boa tarde! Posso ajudar? — Respondeu Pedro.

— Primeiro me diga seu nome? — Perguntou Álvaro.

— Meu nome é Pedro. — Respondeu o rapaz.

— Eu sou Álvaro! — Apresentou-se o empresário.

— Senhor Álvaro, o dono da rede? Nossa, é um prazer conhecê-lo — Falou Pedro estendendo a mão.

— Bom preciso ir, só queria te parabenizar pelo trabalho, você é muito bom mesmo, e me tem um rosto familiar… bem preciso ir! — Disse Álvaro indo em direção a saída do mercado.

A noite Pedro chega em casa e conta para a avó que conheceu o patrão, Álvaro, o dono da rede de supermercados.

— O que? — Diz Elisa derrubando um copo.

— Vó!! Cuidado, a senhora está bem? — Perguntou Pedro preocupado.

— Sim, estou, só… Pedro você o conheceu? — Disse Elisa ainda em choque.

— É, mas ele só me parabenizou pelo trabalho, cuidado com os cacos, deixa que eu limpo. — Disse Pedro a avó.

— E ele falou mais alguma coisa? — Questionou Elisa.

— Bem, ele disse que tenho um rosto familiar para ele, mas nem questionei, ele estava com pressa. — Respondeu Pedro.

— Pedro, eu não acho bom você continuar nesse emprego… — Disse Elisa.

— O que? Como assim vó? — Perguntou o rapaz.

— Não é nada demais, só estou com um pressentimento, você deveria sair desse mercado! — Declarou Elisa.

— Vó, levei anos para conseguir esse emprego, não vou desistir dele, está tudo bem, não precisa se preocupar! — Respondeu Pedro.

Depois do jantar eles vão para seus quartos e Elisa conversa consigo mesmo.

— Eu preciso arrumar um jeito de tirá-lo desse supermercado, ele não pode mais se encontrar com o Álvaro.

Na casa de Felipe, mesmo contra a vontade do rapaz, o pai e a irmã fazem um jantar para comemorar seu aniversário, o rapaz recebe alguns presentes e todos vão dormir. Em seu quarto Álvaro pensa no interesse de Felipe em comandar as empresas, ele conhece muito bem esse interesse pois ele fez o mesmo com seu pai.

— Preciso pôr mais alguém naquele escritório! — Disse Álvaro.

— Alguém que eu possa confiar. — Concluiu Álvaro.

No dia seguinte todos levantam e tudo se reinicia, Álvaro e Felipe vão para o escritório e Pedro vai para o trabalho, na chegada da loja Pedro dá de cara com Felipe que não gosta nada de rever o “ex-amigo”.

— O que esse cara faz aqui? — Pergunta Felipe ao gerente da loja.

— Ele é nosso funcionário senhor, um dos melhores inclusive! — Respondeu o gerente.

Algumas horas depois, Felipe está na sala da gerência cheio de ódio e arma um plano para demitir Pedro, ele não pode simplesmente demitir, existem todas as leis a favor do funcionário, mas Felipe é ardiloso e sabe bem o que fará. Ele vai até o vestiário, descobre o armário de Pedro e põem seu relógio dentro, Felipe chama o gerente e arma uma confusão afirmando ter sido roubado.

— Fechem as lojas! Revistem os armários! — Ordenou Felipe.

Pedro e os colegas ficam em choque com a possibilidade de um deles ser o culpado. Em meio a revista os seguranças encontram o relógio no armário de Pedro.

— O que? Eu não roubei nada! — Afirmou Pedro incrédulo.

— Não é o que parece, ladrão! — Declarou Felipe.

— Junte seus trapos e suma da minha loja, e agradeça por não chamarmos a polícia! — Continuou Felipe.

— Sempre soube que você passava fome, mas nunca achei que seria capaz de roubar! — Concluiu Felipe olhando com desprezo a Pedro.

— Eu não roubei nada! Isso tudo é uma injustiça! — Declarou Pedro.

— Suma daqui e nunca mais tente pedir emprego em uma das MINHAS lojas! — Disse Felipe o expulsando.

Pedro vai para casa e conta para a avó tudo que aconteceu, Elisa tenta acalmar o neto e o consola.

— Meu filho, tudo acontece por uma razão, não fique assim, Deus sabe de todas as coisas. — Disse Elisa.

— Você vai encontrar coisa melhor, eu te garanto! — Concluiu a avó.

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